num dia de verão, ia begônia para seu trabalho. feliz porque a chuva tinha lhe dado uma trégua e ela podia agora simplesmente deslizar pela pista de lama em que se transformara a rua; enraivecida porque o sol bravio, rústico, assanhado e invasivo já lhe esturricava até os pentelhos. ah, se o solo já não estivesse quente! nua, jogar-se-ia num infantil banho barroso.
perto dali, uma árvore frondosa a convidava para um merecido descanso sob a sombra. serelepe, begônia sentou-se sozinha, abriu as pernas e com a terra geladinha, protegida pela árvore, refrescou sua cálida perereca. nesse momento surge o cupido, o acaso, o tesão: ao inclinar a cabeça para cima revirando os olhos, dá com a figura salpicada-verde-reptiliana de sylvia. ah, sylvia! quando te vi, teu corpo, tua pele, teus inúmeros mamilos esverdeados; tu me esperavas rija e suspensa, penduradinha por teu talo corpulento.
o dia delongou-se; a noite dilatou-se.
begônia é amante, suas maiores paixões: escrever, os animais e comer. escreve o que ama e não come os animais. chegando em casa, tomaram juntas um banho gelado. as duas, peladas, fizeram loucuras. begônia descobriu os prazeres da jaca. sylvia, versátil, conheceu a insaciável escritora glutona. tantos mamilos tesos e tantas carnes tenras renderam tantos pratos trincados. sylvia mudou a vida de begônia para sempre.